domingo, 25 de setembro de 2011

Henrique, o 3° maior goleador do Mengão!



Henrique marcou época no Flamengo comandando com sua camisa 9, célebres ataques e equipes da Gávea. Defendeu o Manto Sagrado de 1954 até 1963, em 412 jogos. Marcou 216 gols, sendo até hoje o terceiro maior artilheiro da história do clube. Atacante oportunista, com ótima impulsão, Henrique foi um centroavante de boa técnica, apesar do estilo rompedor. Além disso, era dotado de grande velocidade, coragem e visão de gol.

Henrique Frade nasceu no ano de 1934, em Formiga-MG. Começou pelo clube em 1954, mas só assumiu a posição de titular do time em 1957, com a saída de Índio para o Corinthians e de Evaristo para o Barcelona. Formou com JoelMoacir, Dida e Babá um dos mais famosos ataques da história do Mengão de todos os tempos, conquistando os Campeonatos Cariocas de 1954/55/63 e o Torneio Rio-São Paulo de 1961. 

Atuou pela Seleção Brasileira de 1959 até 1961. Porém Henrique teve uma pequena frustração, pois foi o único atacante do Flamengo que não foi convocado por Vicente Feola para a disputa da Copa do Mundo de 1958. O atacante vinha de uma temporada formidável em 1957, onde marcou 46 gols em 54 jogos. O treinador convocou JoelMoacir, Dida e Zagallo, mas optou por Mazzolla (Palmeiras) e Vavá (Vasco) para o lugar do artilheiro do Mengão. Disputou o Sul-americano de 1959, formando dupla com Pelé e ficando com o vice-campeonato invicto, pois o Brasil empatou na final com a Argentina, que se tornou campeã.

Seu jogo mais importante pelo time canarinho foi em 1959, no amistoso contra a Inglaterra no Maracanã, diante de quase 200 mil pessoas. Henrique deu o passe para o primeiro gol, de Julinho, que nesse jogo atuou no lugar de Garrincha e foi vaiado quase o jogo todo, e marcou o segundo na vitória do Brasil de 2 x 0.

Saiu do Flamengo em 1963 emprestado para jogar no Nacional-URU e se tornar Campeão Uruguaio. De volta ao Flamengo, foi emprestado à Portuguesa em 1964, onde passou a ser chamado de Henrique Frade, pois naquela época a Lusa tinha um lateral-esquerdo chamado Henrique Pereira e o sobrenome Frade foi usado para a diferenciação entre os dois. Em 1965 transferiu-se para o Atlético-MG, e encerrou a carreira em 1967 atuando pelo Formiga, clube de sua cidade natal.   

O ex-jogador morreu em 2004. Henrique morava no Rio de Janeiro e desde 1997 sofria com problemas de locomoção causados por uma fratura mal calcificada de uma de suas pernas.

Henrique é um dos Heróis do Mengão!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O Servílio do Flamengo


É normal no futebol alguns jogadores receberem apelido pela semelhança com um outro atleta. Obina, por exemplo, recebeu esse apelido por parecer com um jogador nigeriano que atuava nas categorias de base do Vitória. O meia Lucas do São Paulo era até pouco tempo chamado de Marcelinho, pela semelhança com o ex-meia do Flamengo e Corinthians. 

Na década de 50 o meia do Flamengo José Lucas foi apelidado pelos companheiros do time de Servílio, por ter uma forte semelhança física com o atacante do Corinthians de mesmo nome.

Servílio era nascido em Vargem Grande (RJ), no ano de 1929. Foi um meio-campista de bastante qualidade que protegia o esquema defensivo do time Tricampeão Carioca em 1953/5455 ao lado de nomes como Dequinha e Jordan. Defendeu o Manto Sagrado em 107 partidas, entre 1953 e 1956, marcando somente dois gols. Seu gol mais marcante pelo Flamengo foi na goleada histórica do Flamengo sobre o sueco Combinado de Uweea,  9x0. 

Saiu do clube no final de 1956, transferindo-se para o Botafogo. No ano seguinte jogando ao lado de nomes  como Nilton Santos e Didi tornou-se pela quarta vez Campeão Carioca. Servílio era o responsável por proteger a defesa alvinegra, e assim o fez com muito êxito, como nos anos anteriores pelo Flamengo. 

Posteriormente veio a jogar no São Paulo e no Sport Recife, mas sua melhor fase foi mesmo no futebol carioca. Servílio faleceu de infarto no estado de São Paulo, em 2001, aos 73 anos.

Servílio é um dos Heróis do Mengão!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Amado e os "casos"...



Amado Benigno foi um goleiro que atuou pelo clube de 1923 até 1934, fazendo 124 partidas com o Manto Sagrado. Nascido em Manaus, no ano de 1903, estreiou pelo Flamengo no dia 6 de maio de 1923, na vitória por 3x1 sobre o São Cristóvão. Conquistou três títulos pelo clube, o mais importante entre eles foi o Campeonato Carioca de 1927. É o 15° goleiro com mais jogos pelo clube. Jogou também uma vez pela Seleção Brasileira, em um amistoso Brasil 4 x 2 Rampla Juniors-URU, em 1929, no estádio de São Januário. 

Amado revesava no gol do Flamengo com outros goleiros, até se firmar como titular em 1926. Em 1927 vem sua consagração com o título Carioca, um dos títulos mais importantes conquistados pelo clube até então, pois a Associação Paulista de Sports Athléticos havia suspendido o Paulistano, e o Flamengo cedeu o campo da Rua Paissandu para que o time paulista disputasse alguns amistosos nesse período. Como retaliação e apoio político à entidade paulista, a Associação Metropolitana de Esportes Athléticos suspendeu o Mengão por um ano. 

Impedidos de jogar, alguns jogadores do Flamengo deixaram o clube. A punição porém foi revogada, e o clube teve que reconstruir o seu elenco, contratando antigos jogadores e incorporando algumas revelações como Flávio Costa. Apesar de todas as dificuldades no início do campeonato, como a goleada de 9 x 2 sofrida para o Botafogo, o time reagiu e conquistou o título estadual ao vencer na última rodada o América, jogo esse do histórico gol de Moderato.

Na véspera da final do Campeonato Carioca de 1928, que poderia dar o Bicampeonato ao Flamengo, o jogador Preguinho do Fluminense, que disputou a Copa do Mundo de 1930 no Uruguai, recebeu um  telegrama supostamente enviado pelo goleiro do Flamengo, Amado. “És sopa! Amanhã não farás gol!”. O atacante tricolor revoltado, respondeu  dizendo: “Farei dois gols, no mínimo”. 

No primeiro minuto de jogo, Amado falhou ao repor a bola em jogo e Preguinho fez 1 x 0. Aos 10 minutos do primeiro tempo, Preguinho ampliou. Promessa cumprida, infelizmente pra nós. O resultado do jogo foi 4 x 1 para o Fluminense, que venceu o campeonato. Só muito tempo depois se veio descobrir que Amado jamais havia lhe mandado qualquer telegrama, e a "provocação" foi obra de um sócio do Fluminense, Affonso de Castro, o Castrinho.

Quando jogava no Flamengo, Amado chegou também a dar uma de olheiro para o clube, pois ao observar um garoto que jogava nas categorias de base do Fluminense o convidou para jogar no Flamengo. Seu "assédio" porém não foi bem sucedido, mas não foi culpa dele. O grande problema foi que esse garoto se chamava Oscar Niemeyer, e o mesmo não aceitou o convite, pois não pretendia seguir carreira como jogador de futebol, que na época era um esporte amador e não permitia que os atletas sobrevivessem daquilo. Amado, por exemplo, era médico, profissão que continuou a exercer após encerrar sua carreira de jogador. O ex-jogador faleceu em 1965.

Amado é um dos Heróis do Mengão!

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Adalberto e o papel higiênico




O futebol já perdeu grandes talentos devido à séries lesões, como o holandês Marco Van Basten. O Flamengo também perdeu uma de suas grandes revelações, o lateral-esquerdo apontado como o sucessor de Júnior, Adalberto. Jogador com excelente técnica e força, conquistou sete títulos pelo clube,  disputando 185 jogos com o Manto Sagrado e marcando sete gols. 

Nascido no Rio de Janeiro, em 1964, Adalberto Machado foi criado nas categorias de base do Flamengo, sendo Campeão Carioca Juvenil em 1981. Foi Campeão Sul-Americano e Mundial, pela Seleção Brasileira de Juniores em 1983, com os Tetracampeões Taffarel, Jorginho, Dunga e Bebeto. Fez no total 10 jogos pela Seleção, participando dos Jogos Pan-Americanos na Venezuela, em 1983, e do Torneio Pré-Olímpico em 1984.  

Após os títulos com a Seleção Brasileira Adalberto foi promovido para a equipe profissional, fazendo sua estreia em 1983, num jogo do Campeonato Brasileiro contra o Guarani-SP. Júnior jogou como lateral-direito abrindo espaço para a promessa das categorias de base. O jogo terminou empatado em 0x0. Sua exibição agradou o técnico Carlos Alberto Torres que o colocaria em sua partida de estreia no comando do time contra o Corinthians. Estava no elenco que conquistou o Campeonato Brasileiro de 1983. 

Seu primeiro gol pelo Flamengo veio no ano seguinte, no seu segundo jogo na temporada, contra o Brasil-RS no Campeonato Brasileiro, mas Adalberto firmou-se na equipe apenas em 1985, tendo uma atuação memorável na goleada imposta sobre o Botafogo por 6×1, onde marcou dois gols. O clube alvinegro vivia melhor momento na competição, e os chorafoguenses resolveram provocar o Mengão levando toneladas de papel higiênico ao Maracanã, dizendo que o Flamengo “se borrava de medo” ao os enfrentar. 

A resposta veio em campo, e de virada! O Botafogo marcou com Elói. Em seguida Adalberto tabelou com Adílio na entrada da área e tocou na saída do goleiro Luís Carlos para empatar a partida. Depois, em bela jogada de linha de fundo, serviu Chiquinho que marcou o quarto. Perto do final do jogo, fez mais um driblando até o goleiro alvinegro para fazer o quinto. A revista Placar coroou sua atuação com uma rara nota 10. Adalberto ainda respondeu aos torcedores rivais em entrevista após o jogo: “Papel higiênico, se sobrou, é para eles enxugarem as lágrimas de 17 anos sem título!”.

Em 1986 foi titular do time Campeão Carioca, mas num jogo entre Flamengo e Botafogo-PB pelo Brasileiro, em Caio Martins, o atacante Porto acertou uma entrada por trás violentíssima que provocou fratura na tíbia direita de Adalberto. A recuperação foi lenta e sofrida. Adalberto ficou cerca de meio ano parado, só voltou em março de 1987, passando toda aquela temporada tendo problemas físicos diversos, mas consagrando-se Tetracampeão Brasileiro. 

Adalberto passou todo o ano de 1988 trabalhando para tentar uma solução definitiva para suas contusões. Em 1º de abril de 1989, após mais de um ano e meio sem jogar, chegou a participar de parte de um amistoso contra o América de Três Rios (RJ), mas não conseguiu sequer terminar a partida, abandonando a carreira com apenas 24 anos de idade.

Adalberto trabalhou como coordenador das categorias de base do CFZ, antes de embarcar para a Espanha a convite do amigo e também ex-lateral Mazinho. Lá ele exerceu a mesma função no Celta de Vigo, clube em que seu filho, o atacante Rodrigo Machado da seleção da Espanha sub-20, começou a jogar.

Adalberto é um dos Heróis do Mengão!

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O Monstro Merica



Valdemiro Lima da Silva, o Merica foi um volante que jogou no Flamengo entre 1975 e 1978. Nascido no ano de 1953, em Santo Amaro da Purificação (BA), começou sua carreira defendendo outro Flamengo, o time do seu bairro. Em seguida foi para o Ideal de Santo Amaro, ainda como amador. Em 1973 transferiu-se para o Atlético de Alagoinhas (BA), onde começou jogando de meia-esquerda. Já atuando mais recuado, chamou a atenção junto com seu companheiro Dendê, do comentarista da Rádio Tupi, Carlos Marcondes que cobria uma partida do seu time. Foi indicado para o Flamengo e para o Vasco, e acabou indo com seu companheiro de clube para o Mengão. 

Sozinho em uma cidade grande, Merica sofreu de saudades da família até conseguir se adaptar ao Rio de Janeiro. Foi através de seus companheiros de clube que o tímido jogador foi se soltando. Rondinelli, Zico, Júnior e principalmente Geraldo, foram os responsáveis por enturmar o jogador através de muitas brincadeiras e zombações. 

Merica tinha a missão de substituir Liminha, que perto de sair do time lhe apontou como seu substituto ideal. Baixo, era muito raçudo, veloz e jogava para o grupo. Aplicado taticamente era muito eficiente no combate. Se tornou titular absoluto do time e caiu nas graças da torcida. Foi num amistoso contra o Internacional a partida que lhe alçou a esse posto. Caçapava era um jogador com fama de jogar duro, mas ao disputar uma bola com Merica, recuou e tirou o pé na dividida. 

Em 1976 em um clássico Fla x Flu, foi expulso após Rivelino lhe acertar sem bola e forjar um revide. O árbitro Airton Vieira de Morais caiu na cena do tricolor e expulsou injustamente Merica, que partiu pra cima de Rivelino numa tentativa, sem êxito, de justificar o cartão recebido.

Uma série de contusões fez com que perdesse sua vaga no time, e acabou saindo do clube em 1978, antes do início da explosão do time que viria conquistar o Tricampeonato Carioca, os Brasileiros, a Libertadores e o Mundial. Fez 183 jogos e marcou nove gols, conquistando onze títulos pelo clube, mas nenhum deles de expressão. 

Merica passou ainda por América (RJ), Sport (PE) e Confiança (SE). Hoje mora em Alagoinhas (BA) onde ainda disputa suas peladas. 

Merica é um dos Heróis do Mengão!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O calculista ponta-direita Joel


"Fui titular na Seleção e jogo pelo Flamengo. O que mais posso querer na minha vida?" O dono dessa frase é Joel, o habilidoso ponta-direita que defendeu o Manto Sagrado e se tornou ídolo da Nação Rubro-Negra na década de 50. É considerado o maior ponta-direita do clube e um dos melhores jogadores da história do Flamengo, sendo presença garantida em muitas escalações do Flamengo de todos os tempos. Marcou 115 gols em 404 jogos, sendo o 16° maior artilheiro do Mengão.

Joel Antônio Martins nasceu no Rio de Janeiro, em 1931. Revelado pelo Botafogo, se transferiu para o Flamengo em 1950, numa transação que envolveu muito chororô pelo lado dos nossos rivais. O time alvinegro acusou o Flamengo de aliciar o jogador e ameaçou romper relações com o clube. Para manter uma relação amigável o Mengão decidiu pagar Cr$100 mil ao Botafogo. Flamenguista desde criança, Joel sempre afirmou que defender o Manto Sagrado foi um sonho realizado.

O investimento foi muito lucrativo, pois dentro de campo Joel foi um dos destaques do Flamengo durante a década de 50. Ao lado de Rubens, Dida, Zagallo e Evaristo, formou o time que recebeu o apelido de "Rolo Compressor", considerado um dos maiores ataques da história do Clube, e que conquistou o Tricampeonato Carioca em 1953/54/55.

Craque cerebral, inicialmente gerou dúvida nos comentaristas, pois alguns diziam que seu jeito frio e calculista não combinava com a vibração e alegria do futebol brasileiro. Joel concluía com eficiência e se destacava por seus cruzamentos em curva sempre perfeitos, e de vez em quando, na direção do gol surpreendendo não só os zagueiros como os goleiros. Foi com cruzamentos assim que deu passes para dois dos três gols do Mengão na final do Campeonato Carioca de 1954, contra o América RJ.

Joel foi um dos seis jogadores do clube que faziam parte da Seleção Brasileira que conquistou a Copa do Mundo em 1958. Fez os dois primeiros jogos como titular, mas perdeu a posição para Garrincha. Jogou pela Seleção em 15 partidas entre 1957 e 1961, marcando 4 gols. 

Após a Copa foi vendido ao Valência, mas retornou ao clube em 1961, se tornando Campeão do Torneio Rio-São Paulo, inclusive marcando um dos gols do jogo decisivo contra o Corinthians.

Em sua volta ao clube, Joel foi vítima de uma grande humilhação. No dia da decisão do título carioca de 1962, o técnico Flávio Costa mandou parar o ônibus do clube na Praia do Flamengo e mandou Joel descer, pois havia escolhido Espanhol para começar o jogo. O resultado não foi nada positivo pro Mengão. Garrincha acabou com o jogo, o Botafogo venceu por 3 a 0, conquistou o Bicampeonato Carioca e Espanhol não jogou nada. 

Talvez por isso Joel transferiu-se para o Vitória em 1963, onde se aposentou em 1964. Joel continuou trabalhando no Flamengo, nas divisões de base tendo a missão de reconhecer os talentos que chegavam na Gávea.

Joel morreu de insuficiência cardíaca em 2003. Foi velado no Salão Nobre da Gávea e sepultado no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, com a bandeira do Flamengo no peito.

Joel é um dos Heróis do Mengão!